quinta-feira, 15 de agosto de 2013

IRRIGAÇÃO EM LIMA CAMPOS TEM TECNOLOGIA DE ISRAEL


foto: Honório Barbosa
Construído em 1932, o açude não cumpria com todo o potencial de abastecimento, fato que agora tem mudanças
Icó Modernos sistemas de irrigação com tecnologia importada de Israel, no Oriente Médio, conquistam produtores rurais no sertão do Ceará. Uma experiência inédita, neste município, na região Centro-Sul do Estado, começa a ser implantada na bacia do Açude Lima Campos para o plantio de 15 hectares de milho, por meio do sistema de mini aspersão fixa.

Os cultivos já apresentam melhor desenvolvimento com a água garantida Fotos: Honório Barbosa
A novidade no município desperta a atenção de outros produtores rurais. A iniciativa é do agricultor, João Roberto Neto, que busca na tecnologia redução de consumo de água, de custo de energia elétrica e de despesas com mão-de-obra, cada vez mais difícil no campo. O plantio do milho foi feito há 45 e deve ser colhido a partir de 15 de setembro próximo. A estimativa de colheita é de 70 toneladas de milho em grão ou de 300 toneladas de silagem.

A implantação de modernos sistemas de irrigação no entorno do açude Lima Campos somente é possível porque há dois anos rede de energia elétrica foi instalada na bacia do reservatório. Construído em 1932, o açude não cumpria com o seu potencial de irrigação de forma adequada desde então.

A terra na bacia do reservatório é fértil, composta de vertissolo (coberto ). Até a primeira metade da década de 1980, era celeiro de produção de algodão. Com o fim do ciclo do conhecido "ouro branco", alguns produtores passaram a cultivar milho e, nas terras inundáveis, arroz, irrigado, no segundo semestre de cada ano. Sem energia elétrica, a irrigação era feita com uso de motores movidos a óleo diesel, que elevam o custo de produção.

Por isso, muitas áreas permanecem ociosas. Entretanto, com a chegada da rede elétrica, a tendência é de que a paisagem do lugar seja modificada e o verde da lavoura irrigada passe a predominar.

Roberto Neto deu o passo inicial. Outros estão em fase de implantação de sistemas de irrigação de aspersão fixa para o cultivo de capim forrageiro: Inácio Sobreira e Fernando Ferreira. "Sem tecnologia que resulte na economia de água e aumente a produtividade, o cultivo não é viável", disse Roberto Neto. "Implantei o projeto por necessidade, para atender à demanda de pequenos produtores e obter renda", observou.

O produtor rural investiu cerca de R$ 100 mil no sistema de irrigação. "A minha ideia é produzir silagem ou vender os grãos de milho para os criadores", disse João Roberto Neto. "No início de setembro vou decidir". O modelo implantado permite três cultivos por ano, com rotação de culturas de ciclo curto para evitar o desgaste do solo.

Roberto Neto pretende, em breve, instalar um sistema de dupla tarifa para possibilitar a irrigação noturna com desconto de até 85%. "Já solicitei o sistema à Coelce", disse. "Estou aperfeiçoando, corrigindo falhas para melhorar a produtividade".

A falta de assistência técnica foi criticada por Roberto Neto. "Estive no escritório da Ematerce, em Icó, mas infelizmente não há apoio, orientação técnica, e a gente tem de aprender errando", reclamou.

De acordo com o tecnólogo em irrigação, Renato Torres, da empresa Servelétrica, especialista em venda e instalação de sistema de irrigação, nos últimos cinco anos vem crescendo a venda de modernos modelos baseados em tecnologia israelense. "Em todos os meses, são implantados cerca de 40 hectares e as culturas de milho e capim predominam", afirmou.

O sistema de mini aspersão fixa é automatizado e permite o controle da área a ser irrigada, com horário pré-definido, quantidade de água liberada, medida em milímetros, de acordo com a cultura, as características do solo e clima. Há possibilidade ainda de adição de adubo diluído na água. "A eficiência de irrigação é em torno de 85%", explica Torres. "Resulta em economia de água, redução de consumo de energia e também dos custos de produção".

Plantio de arroz
Depois da Bacia do Orós, as várzeas do Lima Campos, que banham terras de Icó e Orós, formam o segundo maior centro de produção de arroz irrigado da região Centro-Sul. São cerca de 500 pequenos produtores que vivem da agricultura e pecuária de base familiar.

Nas localidades de Pedregulho, Lagoa Funda, Cajazeiras e Tabuleiro, o plantio de arroz irrigado já começou. O trabalho é intenso e se estende até, quando deve se concluída a colheita dos grãos. São cerca de 600 hectares cultivados, mas o modelo de irrigação é o tradicional, isto é, por inundação da lavoura.

A produtividade média é de cinco mil quilos por hectare. Um índice baixo em relação a outros centros produtores. "É uma atividade importante, porque gera emprego, mantém as famílias no campo e ainda assegura a produção de grãos para consumo próprio e comercialização do excedente", observa o técnico rural, Cláudio Souza.

Os pequenos produtores de arroz irrigado no entorno do açude Lima Campos reclamam contra o preço do produto que mal cobre os custos de produção.

"É desestimulante, mas a cada ano a gente resiste e mantém a produção, porque é área própria de cultivo de arroz, cultura temporária", disse o agricultor, José Moreira.

Mais informaçõesFazenda Córrego da Gia
Fones: (88) 3563.4138
(88) 9238. 8937
Servelétrica
Fone: (88) 3581. 1478


HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER


ENQUETE
O que mudou após os equipamentos?
"Depois da instalação da rede de energia elétrica, a bacia do açude Lima Campos aos poucos voltou a produzir, ampliando o número de emprego e renda no campo. Agora nós estamos bem mais animados"Inácio SobreiraProdutor rural

"Só foi possível instalar um sistema moderno de irrigação graças à rede elétrica que foi instalada na Bacia do açude Lima Campos e, agora, com esse projeto teremos três safras irrigadas por ano"João Roberto NetoProdutor rural

FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE

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